quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A torre do desamparo

Atentemos no arcano XVI, a Torre, também chamado de A Casa de Deus. Representa o fim, o desmoronamento, o corte. Para mais fácil entendimento da questão onde tenciono chegar utilizemos um exemplo. Imaginemos uma rapariga cujo relacionamento de 5 anos com o namorado terminou. Provavelmente ela sentir-se-ia como que se estivesse numa queda, como se todas as pedrinhas da sua torre estivessem a ser quebradas por um relâmpago. E provavelmente, como todos os humanos, ela tentaria por todos os meios manter a torre intacta, certo? É a nossa essência, é parte de nós apegar-nos às coisas mesmo quando elas estão em fase de declínio, e é parte de nós sofrer quando não conseguimos segurar mais a edificação. O problema é que não conseguimos enxergar que a torre ruiu por algum motivo, e que não é nosso dever mantê-la mas sim construir uma nova e melhor torre. Porém, sem entender que o raio que nos atingiu veio de facto por graça divina, não se chamasse o arcano A casa de Deus, temos tendência a, quando já nada resta da construção, ficar a rastejar no terreno que outrora a erguia, e a olhar para cima como que a imaginar o que lá estava e alguns, como que a pedir que o passado retorne. Errado! É nossa missão agradecer ao Universo a possibilidade de recomeçar do principio e ganhar uma nova mentalidade, porque todas as quedas trazem algo para nos ensinar. É nossa missão, agarrar-nos a pedras novas e mais limpas e cimentá-las para construir um novo espaço, melhor que o anterior. Mas há sempre quem prefira ficar a viajar na maionese, e a rastejar em solo frio. O meu conselho é que aceite-mos as torres da nossa vida e que aprendamos com elas, em vez de as lamentarmos; que agradeçamos a Deus pelo relâmpago que nos enviou pois ele veio de facto para melhorar a nossa vida; nós é que muitas vezes, pela nossa essência enquanto ser humano ficamos cegos pelas lágrimas e não conseguimos vislumbrar isso.

Para aqueles cuja torre ainda está de pé, lembrem-me de frequentemente verificar se não haverá nenhuma pedra mal colocada, ou algo que possa atrair um raio fulminante; lembrem-se que apenas podemos tentar manter algo erguido, enquanto isso ainda o está.

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